7 Meses na América do Sul

A PUC de Santiago, o Direito chileno, o pisco e as empanadas, os Andes, o Pacífico, a Sudamérica, Rapa-Nui ... enfim, La Libertad.


16.12.07

Vai p'rá lá que vou p'rá cá

Finta que os brasileiros atribuem ao Robinho e que nós, tugas, reclamamos para o Cristiano Ronaldo. Descreve-se como um jogo de pernas e ancas que leva o adversário a dirigir-se para um lado, enquanto o artista segue tranquilamente para o outro.

Ao sabor da estrada, tenho andado a fazer esta finta na vida real. Do Rio para a Foz do Iguaçu, daqui para Ciudad del Este (Paraguai) e de volta, do Iguaçu para Curitiba, como porta de passagem para Florianópolis, na Ilha de Santa Catarina. 2 países e 4 estados dentro do Brasil - Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Ao contrário do Cristiano Ronaldo ou do Robinho, a "finta" foi feita muito devagarinho. Depois de uma directa na Carlos Góis, onde fica a mais mítica casa tuga no Rio (tem passado por mãos portuguesas nos últimos três anos), saímos para Foz do Iguaçu às 10 da manhã, já com duas de atraso. 25 horas e quatro - quatro - ônibus depois, chegávamos à cidade das Cataratas. Quatro autocarros porque teimavam em quebrar - limpa pára-brisas, freio e caixa de velocidades. Valeu a pena? Já se sabe, tudo vale a pena se a alma não é pequena. Não é. Nem as Cataratas. Para aqueles, como a mãe, que gostam de realçar o engenho do Homem, a Foz do Iguaçu esmaga-nos com a força inigualável da Natureza. Engenho de Deus? Se for verdade que cada pedra, cada árvore, cada animal ou pessoa são postas no Mundo para que o dia as possamos encontrar no nosso caminho, obrigado pelas Cataratas do Iguaçu.

Na mesma tarde, um salto à Ciudad del Este, junto à fronteiro do lado do Paraguai. Compras (é uma zona franca; ou, nas palavras do Bessa, "parece a Uruguaiana, que é três vezes a feira da Praça de Espanha, mas em tamanho de cidade"; para quem conhece a Urguaiana no Rio...) - óculos Ray Ban da feira (8 euros); cartão de memória Sony (20 euros); relógio Nike da feira (4 euros; o do Bessa não durou 24 horas); jantar japonês a 8 e regresso alucinante para o Brasil em moto-táxi (4 eróis). Paragens nas aduanas do Paraguai e Brasil - hilariantes.

Primeira paragem, Paraguai.
"Puede carimbar, por favor?"
"Está entrando de Brasil?"
"No, estamos saliendo."
"Entró sin registrarse?"
"Uuhhh, si, el bus no se quedó aquí."
"Pero, si está saliendo, para qué quiere el carimbo en el pasaporte?"
"Recuerdo, recuerdo." [pim. carimbo.]

Segunda paragem, Brasil. [fila de 20 pessoas e nós com 10 minutos para chegar]
"Desculpe, tenho de esperar aí?"
"Tem, sim."
"Não posso passar sem carimbar. É que tenho visto para 7 meses."
"Quê? Você saíu para o Paraguai agora tem de carimbar entrada."
"Mas eu não carimbei nada a sair, o ônibus não parou."
"Saíu ilegau do país? Multa di 100 reais."
"Mas eu tenho visto de 7 meses..."
"Bem, só posso fazer uma coisa - vocês não saíram do Brasiu, também não vão entrar" [segue.]

Lá apanhámos mais um ônibus e depois de um pequeno-almoço em Curitiba, demos por nós em Florianópolis, ou Floripa para os amigos. Para continuar o nosso ziguezague pela América do Sul tratámos logo das passagens para Montevideu, próximo destino. Até lá ficamos na prainha, numa boa, durante uns dias.

Vá você p'rá lá que agora eu fico aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

O engenho de Deus é o primordial!

O do homem só surpreende porque somos realmente irrisórios e patéticos, como os seus amigos das aduanas.

E outra coisa: é lícito falar assim tão às claras de material c-o-n-t-r-a-f-e-i-t-o? Para um futuro homem de leis?