7 Meses na América do Sul

A PUC de Santiago, o Direito chileno, o pisco e as empanadas, os Andes, o Pacífico, a Sudamérica, Rapa-Nui ... enfim, La Libertad.


2.9.07

Prueba solemne

O nome até assusta. Prova solene.

Cá existem os controles, que são chamadas escritas ou orais, normalmente a propósito de uma lectura. E os examenes, claro. Pelo meio existem as pruebas - testes ou frequências, também elas escritas ou orais.

A prueba de sexta, de Constitucional II, ou Derechos, Deberes y Garantias Fundamentales, era escrita. No próprio dia ainda me assaltou a ideia de ter de ir de fato e gravato - afinal, era "solemne". Fui só de camisa, normal. E ainda bem - apesar do epíteto, quem organizava a prova era os dois ayudantes, monitores, um rapaz e uma rapariga da minha idade (a cadeira é do quarto ano cá), ele de ténis e barba de dois dias e ela igualmente informal. O que seria aparecer ali de fato, já não bastava andar de dicionário na mão com ar de parvo.

Mais parvo fiquei quando vi toda a gente guardar a Constituição - exame de Derecho Constitucional sem se poder usar a Lei Fundamental? Saber artigos de cor? E eu que demorei 5 dias a comprar uma Constituição do Chile - aspecto curioso, só uma editora é que as vende oficialmente, e só, ou quase só, nas suas livrarias próprias. E estava esgotada até meio de Setembro. No dia antes à tarde lá tinha comprado num vendedor de rua uma coisa, não um livro, mal cortada (não tem formato de livro, não é perfeitamente rectangular), que me ajudou a ter uma noção das normas relevantes, mas não sabia artigos de cor para citar. Puxei da cabeça e lembrei-me de alguns toques que me pareceram importantes e acabou por não correr assim tão mal.

Entretanto, outro contra-senso. Para a prova solene os alunos levam as suas próprias folhas - normais, arrancadas dos cadernos ainda com aqueles restos de papel que se rasgas, por estarem à volta das argolas. Folhas com ar de rascunho, portanto, sujas. Lá peço ao chico do lado umas três folhas. Entregam os enunciados, duas horas para 18 perguntas. Cada vale 0,3, excepto três que têm pontuação a dobrar. O total dá 7, a nota máxima cá. Começo devagar mas à medida que me concentro e passo a pensar em espanhol a esferográfica ataca sem menos as folhas. E só usei o dicionário umas dez vezes.

Três perguntas ficam pelo caminho, não fazia a mínima ideia; não chegaram para tudo os apontamentos que uma colega chilena enviou por mail, mas ao menos evitaram a leitura impossível do Manual. Faço a prueba para 6,1 e é capaz de dar para o 4 - o mínimo para aprovação. Para o pouco que consegui estudar é uma vitória. E é também porque ter 4, 5, 6 ou 7 cá é indiferente - só me dão as notas finais em Portugal de acordo com a média das cadeiras que fizer lá, para além de ter ainda muito semestre pela frente.

Acabou por não ser muito dolorosa, esta primeira experiência de avaliação no Chile. Um pouco estranha, diferente, pouco solene afinal de contas, mas não dolorosa.

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