Como de costume, volto a deixar objectos no limbo das coisas perdidas do Manel. Como diz a mãe, há-de ficar na Europa, mais provavelmente.
Desta vez foi o passaporte. Tinha estipulado como regra, para evitar que passasse por este susto, que nunca levaria o passaporte para fora do quarto a não ser para tratar de documentos oficiais ou viajar. Mesmo para ir a uma discoteca, contaria com o cartão de identificação da PUC até ter a minha cédula de identificación de residente estrangeiro no Chile. Até porque o meu BI e a carta de condução pairam actualmente no limbo, mas no das coisas roubadas, do Manel.
Como é que o passaporte desaparece dentro do cubo a que chamo quarto, perguntam-me? Não sei, não desaparece. Mas também não aparecia.
[entretanto, como tipicamente acontece quando não encontro coisas importantes, fico com uma náusea constante que afecta o humor e a capacidade de escrever, daí a pouca actividade do blog durante a semana]
O mais estranho é que enquanto o quarto estava um caos o passaporte mantinha-se quietinho em cima da mesa depois da arrumação desaparece sem deixar rasto. Entenda-se por rasto o papel de registo na Policia Internacional, que estava guardado dentro do próprio passaporte. E agora? Totalmente ilegal no Chile, sem BI para pedir novo passaporte no Consulado e sem certidão de nascimento - quem se lembraria? - para pedir novo BI. Só o cartão da faculdade e cópias de todos os outros documentos, por acaso; mas que valor têm estas cópias?
Teria eu violado a minha regra? Daquela vez quando vim buscar dinheiro para pagar o táxi terei tirado o passaporte da carteira e deixado no táxi? Roubaram-me no próprio quarto? Então porquê deixar dois telemóveis, um portátil e quase uma centena de lucas em notas no porta-documentos? Ou, mais ridículo, será que foi por acaso no caixote de lixo depois dos dias de arrumação?
Nestas alturas tenho por hábito piscar o olho a Deus, mas confesso que já abusei tanto deste tipo de expedientes que me faltava a lata para repetir desta vez pelo que não me passou pela cabeça rezar para que o passaporte aparecesse. Aliás, se não aparecesse, haveria de procurar uma lógica para que me tivesse acontecido isto ao fim de duas semanas no Chile. E aí Deus entraria certamente, não como imagem de castigo, mas reflexo da minha necessidade de crescimento, sobretudo ao nível da responsabilidade neste tipo de coisas.
«Lembra-te do Segredo», diz-me a Sanchinha, confidente e minha reserva de coragem, a única pessoa a quem conto o meu susto. Rimo-nos, claro. Um lol surge naturalmente na janela da conversação do Messenger. Qual segredo, é é passar o quarto de uma ponta à outra, pela terceira vez. E, como ensina o povo, que à terceira seja de vez. Mas por outro lado, o povo também me diz que não há duas sem três. Em que acreditar?
Levanto-me hoje, depois de lidos os jornais pela net, sem amparo. Sem recorrer a Deus, e com lições populares contraditórias, lembro-em do Segredo, da Lei da Atracção. Algo como a vontade de querer muito uma coisa pela necessidade e importância dessa coisa na nossa vida faz com que, dependendo desse grau de necessidade, ela acabe por surgir, inevitavelmente.
Passados três minutos, afinal, é três a conta que Deus fez, aparece o passaporte. Dentro do meu exemplar do Livro dos Rapazes. Curiosamente, o sub-título deste livro é Como Ser o Melhor em Tudo. Ironia pura, sou só o melhor a perder coisas, não a encontrá-las.
Segredo? Lei da Atracção? Acredito no espírito positivo, no valor do optimismo e da esperança, mas também no trabalho e na perseverança para que as coisas que buscamos se concretizem. O segredo passa por acreditar, mas para mim só faz sentido se, logicamente, se der um procurar. Até porque, às vezes, nem sequer nós próprios conseguimos acreditar, e tem de ser alguém a ajudar-nos.
Tu fizeste-me acreditar, Sanchinha. Hoje, no passaporte e na minha responsabilidade. Ontem, em mim. Assim como o farás no futuro. Acreditas mais em mim que eu próprio. Tu és o meu segredo. Obrigado.
Desta vez foi o passaporte. Tinha estipulado como regra, para evitar que passasse por este susto, que nunca levaria o passaporte para fora do quarto a não ser para tratar de documentos oficiais ou viajar. Mesmo para ir a uma discoteca, contaria com o cartão de identificação da PUC até ter a minha cédula de identificación de residente estrangeiro no Chile. Até porque o meu BI e a carta de condução pairam actualmente no limbo, mas no das coisas roubadas, do Manel.
Como é que o passaporte desaparece dentro do cubo a que chamo quarto, perguntam-me? Não sei, não desaparece. Mas também não aparecia.
[entretanto, como tipicamente acontece quando não encontro coisas importantes, fico com uma náusea constante que afecta o humor e a capacidade de escrever, daí a pouca actividade do blog durante a semana]
O mais estranho é que enquanto o quarto estava um caos o passaporte mantinha-se quietinho em cima da mesa depois da arrumação desaparece sem deixar rasto. Entenda-se por rasto o papel de registo na Policia Internacional, que estava guardado dentro do próprio passaporte. E agora? Totalmente ilegal no Chile, sem BI para pedir novo passaporte no Consulado e sem certidão de nascimento - quem se lembraria? - para pedir novo BI. Só o cartão da faculdade e cópias de todos os outros documentos, por acaso; mas que valor têm estas cópias?
Teria eu violado a minha regra? Daquela vez quando vim buscar dinheiro para pagar o táxi terei tirado o passaporte da carteira e deixado no táxi? Roubaram-me no próprio quarto? Então porquê deixar dois telemóveis, um portátil e quase uma centena de lucas em notas no porta-documentos? Ou, mais ridículo, será que foi por acaso no caixote de lixo depois dos dias de arrumação?
Nestas alturas tenho por hábito piscar o olho a Deus, mas confesso que já abusei tanto deste tipo de expedientes que me faltava a lata para repetir desta vez pelo que não me passou pela cabeça rezar para que o passaporte aparecesse. Aliás, se não aparecesse, haveria de procurar uma lógica para que me tivesse acontecido isto ao fim de duas semanas no Chile. E aí Deus entraria certamente, não como imagem de castigo, mas reflexo da minha necessidade de crescimento, sobretudo ao nível da responsabilidade neste tipo de coisas.
«Lembra-te do Segredo», diz-me a Sanchinha, confidente e minha reserva de coragem, a única pessoa a quem conto o meu susto. Rimo-nos, claro. Um lol surge naturalmente na janela da conversação do Messenger. Qual segredo, é é passar o quarto de uma ponta à outra, pela terceira vez. E, como ensina o povo, que à terceira seja de vez. Mas por outro lado, o povo também me diz que não há duas sem três. Em que acreditar?
Levanto-me hoje, depois de lidos os jornais pela net, sem amparo. Sem recorrer a Deus, e com lições populares contraditórias, lembro-em do Segredo, da Lei da Atracção. Algo como a vontade de querer muito uma coisa pela necessidade e importância dessa coisa na nossa vida faz com que, dependendo desse grau de necessidade, ela acabe por surgir, inevitavelmente.
Passados três minutos, afinal, é três a conta que Deus fez, aparece o passaporte. Dentro do meu exemplar do Livro dos Rapazes. Curiosamente, o sub-título deste livro é Como Ser o Melhor em Tudo. Ironia pura, sou só o melhor a perder coisas, não a encontrá-las.
Segredo? Lei da Atracção? Acredito no espírito positivo, no valor do optimismo e da esperança, mas também no trabalho e na perseverança para que as coisas que buscamos se concretizem. O segredo passa por acreditar, mas para mim só faz sentido se, logicamente, se der um procurar. Até porque, às vezes, nem sequer nós próprios conseguimos acreditar, e tem de ser alguém a ajudar-nos.
Tu fizeste-me acreditar, Sanchinha. Hoje, no passaporte e na minha responsabilidade. Ontem, em mim. Assim como o farás no futuro. Acreditas mais em mim que eu próprio. Tu és o meu segredo. Obrigado.
5 comentários:
tá explicado o esmorecimento dos últimos dias!!! O Manel É O MELHOR em quase tudo, e pelos vistos também a encontrar coisas, não como a mana mais velha, que as perdia para outro as encontrar, anos depois e quando já não tinham qq interesse... E não vou comentar os comentários à Sanchinha, só dizer que fiquei com uma lagriminha no olho!
finalmente... XINHA XINHA XINHA XINHA XINHA!!!!
Enfim...
Vê lá se dentro desse livro não está também o meu telemóvel.
quase que chorei com o ultimo paragrafo... mas depois como sempre fui forte e achei só lamechas ..
* Rio
eu cá sou a favor de perder coisas, faz-me sentir viva!
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